RAIMUNDO DE MOURA BRITO, FOI MINISTRO DA SAÚDE
Raimundo de Moura
Brito nasceu em Natal
no dia 20 de julho de 1909, filho de Francisco Xavier Pereira de Brito e de
Áurea de Moura Brito.
Cursou
o primário no Colégio Santo Antônio e no Grupo Escolar Augusto Severo e o
secundário no Ateneu Norte-Rio-Grandense, concluindo sua formação universitária
em 1934 ao diplomar-se pela Faculdade Nacional de Medicina, no Rio de Janeiro,
então Distrito Federal.
Especializando-se
em cardiologia e cirurgia cardiovascular, iniciou sua carreira de cirurgião no
Hospital da Cruz Vermelha Brasileira, onde permaneceria de 1934 a 1953. Durante
esse período, desenvolveu atividades em outros hospitais e exerceu funções na
administração pública relacionadas à área de saúde, além de atuar como docente
da Faculdade Nacional de Medicina, como examinador do Departamento
Administrativo do Serviço Público (DASP) e como médico subassistente da
Prefeitura do Distrito Federal. Em abril de 1947, assumiu a direção do Hospital
dos Servidores do Estado (HSE), do qual foi representante junto ao XIX
Congresso Anual da Associação Argentina de Cirurgia em 1948. Comissionado no
ano seguinte pelo governo brasileiro para estudar as organizações hospitalares
americanas, em 1950 lecionou no III Curso Internacional de Organização e
Administração de Hospitais, promovido pela Repartição Sanitária Pan-Americana.
Ainda em 1950, foi designado para dirigir por quatro anos a Inter-American
Hospital Association e, em fevereiro de 1951, deixou a direção do HSE, passando
a lecionar no curso de organização e administração de hospitais patrocinado
pelo Departamento Nacional de Saúde, ao qual prestou serviços até 1952. Neste
último ano, integrou a delegação chefiada pelo vice-presidente da República,
João Café Filho — de quem era médico particular e amigo —, que
compareceu à posse do presidente do Chile.
Com o suicídio do
presidente Getúlio Vargas em agosto de 1954 e a posse de Café Filho na
presidência da República, foi nomeado diretor do Instituto de Previdência e
Assistência dos Servidores do Estado (IPASE).
Em outubro de 1955,
foi intermediário junto a Café Filho de uma consulta feita por líderes do
Partido Social Democrático (PSD), interessados em saber se este aceitaria os
resultados das eleições presidenciais realizadas naquele mês, que indicavam
como vitoriosa a chapa Jucelino Kubitschek-João Goulart. Café Filho, segundo
relatou em suas memórias, garantiu que empossaria os eleitos.
Em 2 de novembro,
quando o presidente da República apresentou sinais de distúrbios circulatórios,
Raimundo de Brito foi o primeiro médico a prestar-lhe assistência,
providenciando sua remoção para o HSE. Cinco dias depois, com o apoio de uma
junta médica, opinou pela necessidade de o presidente guardar repouso por mais
tempo. Tal circunstância ocasionou a transmissão do governo a Carlos Luz,
presidente da Câmara dos Deputados, que assumiu a presidência da República no
dia 8. Três dias depois, entretanto, o general Henrique Teixeira Lott, ministro
da Guerra demissionário, depôs Carlos Luz, afirmando que, através dessa medida,
barrava uma conspiração em curso no governo e garantia a posse de Kubitschek. A
chefia da nação foi então entregue a Nereu Ramos, vice-presidente do Senado e
figura seguinte na ordem sucessória.
No dia 21 de
novembro, Raimundo de Brito integrou nova junta médica que declarou Café Filho
apto a reassumir a presidência. Na madrugada do dia 22, porém, seguindo a
orientação vitoriosa em 11 de novembro, o Congresso aprovou o impedimento de
Café Filho e confirmou a investidura de Nereu Ramos no governo federal. No dia
25, após um incidente com o novo ministro do Trabalho, Nélson Omegna, Raimundo
de Brito demitiu-se da presidência do IPASE.
Em outubro de 1962,
elegeu-se deputado à Assembléia Legislativa do recém-criado estado da Guanabara
na legenda da União Democrática Nacional (UDN). Antes mesmo de iniciar o
mandato, porém, foi nomeado pelo governador Carlos Lacerda para o cargo de
secretário de Saúde do estado.
Após o movimento
político-militar que derrubou o governo de João Goulart em 31 de março de 1964,
Raimundo de Brito foi convidado pelo novo presidente da República, o marechal
Humberto Castelo Branco, para assumir o Ministério da Saúde. Essa indicação,
que o conduziu no dia 15 de abril da pasta estadual para a pasta federal da
Saúde, foi interpretada por Luís Viana Filho em seu livro O governo Castelo
Branco como uma forma de contemplar o governo na Guanabara na composição do
ministério revolucionário.
Na
escolha do candidato da UDN à sucessão de Carlos Lacerda em 1965, Raimundo de
Brito teve o seu nome cogitado, juntamente com Adauto Lúcio Cardoso e Carlos
Flexa Ribeiro, tendo sido este último o indicado. Com a extinção dos partidos
políticos decretada pelo Ato Institucional nº 2, de 27 de outubro de 1965, e a
posterior instauração do bipartidarismo, integrou o grupo de udenistas que
optou por ingressar na Aliança Renovadora Nacional (Arena), divergindo do bloco
lacerdista que aderiu ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Deixou o
Ministério da Saúde em março de 1967, quando terminou o mandato de Castelo
Branco.
Dedicando-se à
iniciativa privada, foi diretor da Rio Clínicas, no Rio de Janeiro.
Vice-presidente
da Associação de Docentes da Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do
Brasil e secretário do Serviço Social da Cruz Vermelha Brasileira, foi
presidente do Colégio Brasileiro de Cirurgiões de 1959 a 1961, além de membro
da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro e de diversas outras
entidades científicas e profissionais.
Faleceu
na cidade do Rio de Janeiro em 6 de janeiro de 1988.
Era casado com Inês
Félix Pacheco Brito, de quem teve seis filhos.
Publicou
perto de 280 títulos, entre trabalhos científicos, conferências, comunicações e
livros, dos quais se destacam Cirurgia
das veias, Tática e técnica
cirúrgicas da mama, Paratireoidectomia
no reumatismo crônico, O
pré-operatório nos bócios tóxicos, Câncer
e tireóide, Hiperparatireoidismo, Bócios endoto-ácidos e Megacolo e vitamina B.
FONTES: CAFÉ FILHO, J. Sindicato; Encic. Mirador; Globo (7/1/88); Grande encic. Delta;
HIRSCHOWICZ, E. Contemporâneos; Jornal do Brasil (7/1/88); NÉRI, S. 16; SOC. BRAS. EXPANSÃO COMERCIAL. Quem; Veja (13/1/88);
VIANA FILHO, L. Governo; Who’s who
in Brazil.
FONTE – FUNDAÇÃO JOSÉ AUGUSTO